domingo, 16 de maio de 2010

Adeus.

Ele me ligou.
Disse que precisava falar comigo. De imediato senti que coisa boa não era.
Pediu para o encontrar no lugar de sempre. (Aquela pracinha, com um playgroud e um pipoqueiro.)
Eu fui.
Ele estava sentado no "nosso" banco.
Aquele que escrevemos nosso nome dentro de um coração, que trocamos nossos segredos, nossas intimidades, que sentavamos e nos abraçavamos sem nada para dizer(o pôr do sol e o barulho das crianças brincando era mais que suficiente)...
Estava com lágrimas nos olhos.
Me aproximei.
Seu olhar era vazio. Sua boca estava seca. Seus pensamentos,distantes.
Quando sentiu minha presença, logo tratou de secar as lágrimas que estavam em seus olhos.
Levantou-se.
Ficou olhando no fundo dos meu olhos por alguns segundos, e me abraçou.
Sussurrou apenas uma frase no meu ouvido. "EU TE AMO".
Me soltou e sentou.
Sentei ao lado dele esperando uma justificativa para aquilo tudo.
O silêncio foi o que eu consegui.
Ficava apenas de cabeça baixa, viajando em seus pensamentos...
Fiquei calada até o momento que senti uma agonia muito grande em ver ele com todo aquele sofrimento e não poder fazer nada.
- O que foi, amor? Perguntei com o som saindo entre meus dentes.
Enchugou suas lágrimas novamente. Respirou fundo.
- Eu...
A dor que ele estava sentindo era mais forte que a capacidade de falar.
- Eu fui aceito na marinha, Amanda!
Meu coração disparou.
Meus olhos encheram de lágrimas.
Eu não sei se chorava de felicidade por ele ter sido aceito, ou de tristeza porque sabia que ele iria embora...
Olhei para ele. Ele estava esperando alguma reação minha.
-Noo...ssa. Isso é...é óótimo meu amor! Eu disse gaguejando.
Ele com uma pequena decepção da minha reação respondeu.
- É! É ótimo.
E se calou.
Apesar de ver a decepção que ele sentiu quando viu minha reação, eu queria demonstrar que era forte.
Ele sabia que isso poderia acontecer.Eu sabia que isso poderia acontecer.
E aconteceu.
Ficamos nos olhando um tempo.
Até que não contive as lágrimas.Elas rolavam pelo meu rosto.
Eu abaixei a cabeça. Não queria que ele visse eu chorando por causa disso. Não queria influênciar a partida dele.
Senti sua mão suave encostar no meu rosto.
Ele me fez olhar para ele.
Um sorriso meio sem graça surgiu em seu rosto.
- Você conseguiu. Eu disse um pouco mais conformada.- Você realizou seu sonho! Você não sabe o quanto eu estou feliz por você, Marcos.
O sorriso sem graça foi se alastrando pela sua boca e um ar de satisfação surgiu em seu rosto.
- É! Eu consegui, meu amor. Ainda não consigo acreditar nisso.
(Em meu pensamento " É, nem eu consigo acreditar nisso.")
Abri um sorriso para ele.
Então ele me abraçou. E ficamos abraçados o resto da tarde toda.
Naquela pracinha de sempre, vendo o playground de sempre e o pipoqueiro de sempre.
Até que ele me deu um beijo na cabeça e sussurrou no meu ouvido que precisava ir embora.
Ele iria pegar o primeiro trem de amanhã para a capital.
Me virei para ele, dei o beijo mais apaixonado (e mais desesperador),o abraço mais apertado que pude dar e disse o "EU TE AMO" mais verdadeiro que pude dizer.
Ele se levantou. Beijou minha testa. Virou. E se foi.
Fiquei olhando para sua imagem até ela desaparecer na esquina.
Me senti perdida. Olhei para o lado,e vi o coração que tinhamos desenhado. Passei a mão no relevo que havia se formado, fechei os olhos e pude viver aquele momento novamente.
Uma lágrima caiu dos meus olhos.
Bateu uma leve brisa, e eu pude sentir o cheiro dele, pude sentir a mão dele tocando meu rosto denovo e seus lábios tocando os meus.
Quando abri os olhos, olhei para aquela pracinha. Não parecia a pracinha de sempre. Nem o playgroud de sempre e nem o pipoqueiro de sempre.
Me senti perdida. Em um lugar desconhecido.
Aquele lugar só tinha graça com ele.
Só tinha cor na presença dele.
Só tinha sentimento quando ele estava lá.
Me levantei.
Senti novamente a brisa, foi como se ele estivesse passando seus dedos entre os meus cabelos. Mais uma lágrima caiu.
Sai andando na mesma direção que ele havia ido. Parei.
Minha casa era para o outro lado.
Então seria assim. Cada um para o seu lado, seguindo seu caminho, sua vida.
Me virei e fui para a direção "certa". Dei mais uma olhada para trás.
Tola. Ele não voltará.
Cheguei em casa.
Fui para o meu quarto. Mais lembranças vieram a minha cabeça.
As conversas deitados em minha cama, as musicas que nós cantavamos na maior altura, as caretas que a gente fazia para tirar foto... TUDO.
Tudo passou pela minha mente em uma fração de segundos.
Não me contive. Deitei em minha cama e chorei.
Chorei até adormecer.
Pela manhã acordei. Já eram 9hrs.
Corri para o telefone. Liguei na casa dele. Ninguém atende.
Troquei de roupa. Peguei as chaves do carro e fui para a estação.
Procurei em todos os trens. TODOS.
Não adiantou.
Ele não estava mais lá. Tinha seguido a vida dele.
Foi atrás do seu sonho.
Talvez eu devesse fazer isso tambem. Seguir minha vida. Tomar meu rumo.
E não olhar para trás.
Porque o trem...
O trem já partiu.

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